terça-feira, 31 de março de 2009

EU ACREDITEI

Eu Acreditei

Enquanto as pessoas aqui denominam " virtual " qualquer sentimento,
eu sempre acreditei que todos os sentimentos são reais.

Nunca consegui apenas sentir alguma coisa quando estando on line,
e depois sair da relação como se sai em " Log Off " .

Eu acreditei em tudo que senti e ouvi.
Eu acreditei em tudo que me foi dito.

Eu acreditei do mesmo jeito que as pessoas acreditam nas outras quando estão frente a frente.
Eu acreditei que meus desejos comuns e naturais iam se realizar.

Eu acreditei nas horas de carinho, dedicação e candura.
Eu acreditei na boca que falava e nos dedos que digitavam.
Eu acreditei em todos os momentos que havia uma sintonia especial.

Acreditei e relutei até o momento em que percebi que somente EU
havia feito como minha realidade a " virtualidade" que aqui impera.

Eu acreditei até nas " mentiras sinceras " , porque assim as coisas
poderiam ficar mais humanizáveis, menos constrangedoras.

Eu acreditei que pessoas mudam, que caráter se modifica,
que não precisamos de muito para saber viver dentro da verdade e com honestidade.
Basta falar com o coração e deixar os dedos digitarem sinceramente.

Eu acreditei.
Eu acreditei , até me ver sem chão.

Eu acreditei até que percebi que algumas pessoas desligam a máquina e se desligam com ela, mudam de programa
assim como mudam o canal da televisão.
Tão simples como acionar o controle remoto ... simples demais
para quem não "saca" que atrás da máquina tem gente,
sentimento, esperança, desejos, saudade.

Parece complicado para essas mesmas pessoas entenderem que
quando se desliga o monitor, o som e todos os recursos existentes
para se estar on line, não há como desligar a outra pessoa do outro lado.

Não se desligam sentimentos.
Não se colocam em " stand by " carinhos, afagos e sorrisos.
Não se eliminam prazeres, alegrias e trocas como se virus fossem.
Não se apagam da memória detalhes de um amor puro.
Memória não se formata.

Eu acreditei e hoje levo meus sentimentos na memória, na alma e dentro do meu coração, feito de músculos, veias e sangue
que circula bombeando vida e ainda uma pontinha de esperança
que do outro lado exista alguém semelhante e não apenas fios ligados
na voltagem 110/220 watts levando qualquer coisa para qualquer lugar.

Eu acreditei ... sinceramente, eu acreditei.

Na outra ponta do fio tem gente que acredita na gente...


0 comentários: